quarta-feira, 25 de março de 2020

Relembre a história do atacante Nadson, revelação rubro-negra


(Reprodução)
Buscando trazer conteúdo em tempos de quarentena por conta do Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o Galáticos Online realizou mais uma entrevista exclusiva. Trata-se do ex-jogador Nadson, revelado pelas divisões de base do Vitória.
Criado em Serrinha, interior do estado da Bahia, para alcançar o sucesso, Nadson precisou trabalhar desde muito cedo. No Vitória desde os 13 anos, o atacante vivenciou momentos de grande dificuldade. Por conta do baixo porte físico, o atleta não ficou no clube de primeira e teve que retornar para casa. 
Com 17 anos, o atacante retornou ao Leão para fazer história. Maior artilheiro da divisão de base rubro-negra, Nadson se destacou na equipe profissional e protagonizou partidas inesquecíveis, marcando três vezes em um clássico Ba-VI e quatro numa partida de Copa do Brasil, quando o Vitória goleou o Palmeiras pelo placar de 7 a 2, fora de casa, em 2003. 
Começo da carreira
Mesmo com uma carreira de sucesso, Nadson dedicou um tempo da entrevista para agradecer uma pessoa que ajudou o atleta no início de tudo. 
"Minha carreira foi um pouco difícil. Nascido em zona rural, onde hoje eu moro, graças a Deus, eu agradeço muito ao futebol à Carlinhos Capenga, quem deu muita oportunidade a muitos profissionais na cidade de Serrinha passaram por Carlinhos Capenga. Foi um pai para mim, meu segundo pai, minha segunda família. Infelizmente, hoje ele está lá em cima, está em um bom lugar, descansando em paz", disse.
"Hoje o futebol está mais fácil. Hoje as peneiras vão até você, os clubes vão até você, mas graças a Deus eu saí daqui de Serrinha com 13 anos de idade. Fui para o Vitória e não fiquei. Não tinha vaga no alojamento, eu era muito pequeno, treinei bem, mas mandaram eu retornar. Quando retornei, Carlinhos ficou até chateado, ele sabia do meu potencial", afirmou. 
"Com 17 anos eu voltei ao Vitória e graças a Deus fui bem. Mesmo assim tentaram me colocar em questionamento. Foi onde Carlinhos se chateou. Na reunião, decidiram que eu ficasse no Vitória. Professor Alexandre, na época e também professor Ednilson, que está no clube, pediram para eu ficar pelo menos no Campeonato Baiano, quando eu comecei a deslanchar, marcando 32 gols no Campeonato Baiano Juvenil. Foi só alegria. Me tornei o maior artilheiro da divisão de base de todos os tempos com 285 gols", falou. 
"Histórias de Ba-Vis, eu fiquei um só sem marcar. Foi a minha estreia no juvenil, passei em branco, mas do segundo em diante, todos os Ba-Vis eu marquei. Entrei para a história do clássico", destacou. 
"Eu passei seis meses no profissional, foi quando eu fui vendido. A minha média é uma das melhores do clube. Só não ganhei Bola de Prata por conta do regulamento do Campeonato Brasileiro. Tive a média melhor do que a de Luís Fabiano", disse Nadson.
"Eu fico muito feliz de ter ajudado do Vitória, é o clube que eu torço. Sempre me declarei, não fico em cima do muro. Respeito muito o Bahia, a nação tricolor e repudio comportamento e atletas irresponsáveis, que fica falando mal de outras entidades. Você não trabalha só em uma empresa", contou o atacante.
Jogos históricos

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No Campeonato Baiano de 2003, o Vitória recebeu a equipe do Bahia no Barradão. O Tricolor abriu a vantagem de 2 a 0, no entanto, o Vitória virou. Faltando 15 minutos para o término da partida, Nadson saiu do banco para marcar os três gols da equipe rubro-negra.
"Entrei faltando 14 minutos e meio. Marinho colocou meu apelido de Nadgol. Acabou acontecendo de entrar e ser abençoado por fazer três gols e entrar na história do clássico Ba-VI, um dos maiores do Brasil. Agradeço muito aos torcedores do Vitória, a nação rubro-negra, pelo apoio", afirmou.
Eu vi na arquibancada, todo mundo saindo e aconteceu um gol atrás do outro. No último gol, lembro que Leandro Domingues, esse meia fantástico que está no Japão, foi quem deu assistência e até hoje eu não descobri se estava impedimento no lance, ainda bem que não tinha VAR", contou.
O Atacante também falou sobre a partida contra o Palmeiras, que o Vitória aplicou 7 a 2 pela Copa do Brasil.
"Esse jogo foi especial demais. Acho que o melhor da minha carreira. Eu não comparo com Ba-VI porque é a nossa raiz, nosso clássico. Mas esse jogo é inesquecível. O torcedor vai estar sempre lembrando quando dá aquela data de Copa do Brasil, quando tem Palmeiras e Vitória se enfrentando pelo Campeonato Brasileiro, sempre passa. Eu fico feliz demais", lembrou.
"O coreano já estava me observando. Nessa semana foi uma maratona de três jogos. A gente saiu para jogar contra o Flamengo, perdemos no Maracanã 2 a 1, de virada, eu fiz o gol. Saímos para jogar contra o Grêmio, eu fiz gol também e Juventude, também lá no Sul, fiz gol", disse. 
"Se não me engano, era o primeiro jogo do Palmeiras na temporada, diante da sua torcida, Papai Joel sempre gritando, cobrando: 'vamos fechar casinha, jogar fechado', e a teoria dele deu certo. A gente pegou um Palmeiras afoito, empolgado com o torcedor, mas esqueceram que a gente tinha um elenco bom. Esses três jogos que a gente saiu no Brasileiro a gente jogou muito bem, perdemos por detalhes, uma hora a gente ia acertar", contou Nadson.
"Foi nesse jogo contra o Palmeiras que a gente acertou. Uma quarta-feira abençoada com belíssimos gols, belíssimas jogadas de transição, jogadas fulminantes e papai (Joel) cobrando, dizendo que já viu esse filme e ele tinha razão. No jogo de volta, no Barradão, a gente tomou 3 a 1. Se a gente não leva a sério depois dos três gols que a gente fez, estaríamos fora da Copa do Brasil, não teríamos feito história", detalhou o jogador.
Carreira internacional

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Saindo do Vitória, Nadson foi vendido para o Suwon Samsung Bluewings, da Coreia do Sul, onde viveu um dos melhores momentos da carreira, conquistou títulos e se tornou ídolo.
"Eu acho que foi a melhor fase da minha vida. É um país de primeiro mundo, onde se deve seguir a cultura do país, respeitar e eu tinha um propósito: voltar só quando eu desse um conforto para a minha família e isso aconteceu. Se eu não tivesse muitas lesões, estaria na Coreia jogando hoje, no mesmo clube, povo apaixonado por mim até hoje", lembrou,
"Depois que eu saí, o clube deu uma caída muito grande. Parou de conquistar títulos e a nossa geração lá fez história. Eu pude ajudar o Vitória com a venda. Encher os cofres do clube que você ama é bom demais", disse Nadson.
"Fui artilheiro de todos os campeonatos que disputei, campeão em todas as ligas que disputei. Disputei 17 troféus, ganhei 16, único estrangeiro a ganhar como melhor da temporada no principal campeonato da Coreia, isso é gratificante. Tem uma pilastra com minha foto no estádio", continuou.
"Nossa cultura é terrível com ex-jogadores de futebol em termos de homenagem, de agradecer pelo serviços prestados. Os clubes não fazem homenagem para atletas que sempre merecem ser lembrados. A Cultura lá fora é espetacular por causa disso", questionou o atacante.
De volta ao Brasil

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Nadson chegou a ser emprestado ao Corinthians, onde teve uma curta passagem e marcou um gol, na vitória do Timão sobre o Botafogo pelo placar de 1 a 0. 
"Retornei para o Corinthians, time dos galáticos. Graças a Deus fui bem também, não é fácil jogar no Corinthians, depois fui rodando pelo Brasil"
Retorno ao Vitória

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Em 2009, o atacante retornou ao Vitória. Com boa média de gols marcados dentro do Campeonato Baiano, um desentendimento do o técnico Paulo César Carpeggiani foi fundamental para tirar o atleta do Leão.
"Se eu tive alguma decepção no Esporte Clube Vitória foi nessa passagem. Não é porque eu sou torcedor do Vitória, eu amo o Vitória, que eu vou tapar o sol com a peneira"
"Eu dei preferência ao Vitória. Estava voltando de lesão gravíssima no tornozelo e naquela época, mesmo com lesão, todos estavam ciente disso, ainda consegui ser artilheiro do Campeonato Baiano, junto com Neto Baiano e ser campeão ainda. Foi onde aconteceu a confusão", destacou Nadson.
"Eu respeito o trabalho de Carpegiani (técnico do Vitória em 2009), mas eu não poderia jogar de meia. Eu nunca fui meia. Saí do Vitória jogando de ponta direita. Na Coreia joga com um homem só na frente, onde aprendi a jogar como fixo, quando voltei já era fixo na frente. Fiz bastante gol, fiz 115 gols lá, maior artilheiro do clube de todos os tempos", lembrou.
"Eu não aceitei jogar de meia atacante e disse 'Se for para jogar assim, pode jogar com o Neto, não tem problema nenhum. Quando tiver oportunidade a gente entra e joga, não tem problema, mas eu não vou jogar de meia, eu não sou meia atacante', foi aí que começou a briga. Me colocaram para treinar 13h, pessoas no clube que me acompanharam desde a base aceitaram isso, eu não achei legal"
"A diretoria aceitou isso. Eu nem culpo ele (Carpegiani),eu culpo mais a diretoria por ter aceitado isso. Eu tinha outros clubes querendo e optei por ajudar. Foi onde eu fui dispensado no vestiário. Eu sendo artilheiro do Campeonato Baiano, fui dispensado da final, último Ba-Vi da final do Campeonato Baiano", disse.
"Muitos acharam errado por eu ter falado que não ficava mais lá, mas eu era artilheiro do Campeonato Baiano, estava correspondendo e fui dispensado no vestiário, sabendo que em Ba-VI eu faço gol, Neto Baiano faz gol, é complicado"
Passagem pelo Bahia
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Pelo Bahia, Nadson participou de uma situação delicada. Brigando contra o rebaixamento na Série B de 2009, o Esquadrão conseguiu se livrar na penúltima rodada, depois de um gol do centroavante, de pênalti, contra o Guarani. 
"No Esporte Clube Bahia eu fui muito bem recebido. Para muitos torcedores não fui acima da média, mas se você for colocar em porcentagem de gols e de jogos, eu fui muito acima da média. Era um time limitado, com problemas de salários atrasados e mesmo assim aquele time limitado conseguiu salvar o Bahia de cair para a terceira divisão", destacou Nadson.
"Uma segunda divisão muito difícil e a gente conseguiu salvar. Jael disputou a temporada toda e fez, se eu não me engano, 13 gols. Eu cheguei a fazer 11 em meia temporada"
"Fui bem recebido pelo Ananias, que descansa em paz, pelo Ávine, jogador fantástico, tenho muitos amigos lá. Seu Miguel, Fábio que trabalha como massagista, fiz muita amizade lá. Foi uma Série B terrível, o Bahia estava com muita dificuldade financeira"
"Tinha salário atrasado desde que cheguei, mas fui no intuito de jogar futebol, tanto que joguei até o final. Esse elenco jogou até o final, um elenco muito limitado, mas graças a Deus deu tudo certo, o torcedor ajudou bastante, todos os jogos em Pituaçu tava lotado, eu e Jael fizemos uma dupla espetacular, sempre marcando, quando a bola não chegava, a gente ia buscar"
"Paulo Isidoro ajudou bastante, foi uma passagem muito boa. No jogo contra o Guarani, Pituaçu com 33 mil pessoas, peguei o pênalti, bati, fiz o gol, escapamos de cair para a terceira divisão e no ano seguinte o Bahia subiu"
"O Bahia hoje é referência, fico feliz do Bahia estar bem, estar sendo muito bem visto no mundo todo com uma boa gestão, está fazendo campanhas maravilhosas e isso é bom não só para o clube, mas também para o nordeste, porque tem muitos clubes bons desorganizados e o torcedor sofre muito com isso"
Críticas à falta de jogadores da base nos elencos profissionais de Bahia e Vitória
"Foi estranho (jogar no Bahia). Os torcedores de Bahia e Vitória mais antigos acompanharam os melhores Ba-Vis. Hoje não existe Ba-Vi, é fantasia. Existe o nome, o clássico acabou. Nós da base éramos criados para disputar Ba-Vi, desde moleque, o pau quebrava dentro de campo. Aquele clima gostoso que hoje não existe mais"
"A gente perdeu a essência das divisões de base. Não tem jogador da base disputando Ba-Vi. No máximo são dois ou três em cada time, se tiver. A maioria é tudo de fora, jogadores que tomaram o mercado e estão vindo contratados, por mérito, claro, mas a gente está falando de uma cultura nossa"
"Em 2003 o elenco do Vitória, que foi um ano espetacular, nós tínhamos, no mínimo, 65% da base. Nadson, Adailton, Zé Roberto, Allan Dellon, Paulo Musse, Dudu Cearense, tudo jogando de titular, Quase 90% do time titular era da divisão de base, hoje você não vê mais isso"
Do Portal Galáticos Online

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