quinta-feira, 8 de novembro de 2018

PF prende deputados do RJ por suspeita de ‘mensalinho’ na Assembleia Legislativa

Carro da PF entrando no condomínio do deputado André Corrêa (DEM-RJ) Foto: Marcio Alves/O Globo
Carro da PF entrando no condomínio do deputado André Corrêa (DEM-RJ) Foto: Marcio Alves/O Globo
Agentes da Polícia Federal e procuradores da República estão nas ruas, desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira, para cumprir 22 mandados de prisão expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Dez deles contra deputados estaduais do Rio de Janeiro, sendo que três deles já estão presos. 

A PF cumpre mandados em gabinetes da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e no Palácio Guanabara. Até o momento a PF já teria prendido os deputados Andrê Corrêa (DEM) e Chiquinho da Mangueira (PSC). Outros cinco parlamentares são procurados. O atual secretário de Governo de Pezão, Affonso Monnerat, também foi preso.

A operação conta com a participação do Ministério Público Federal (MPF) e o apoio da Receita Federal. Um ano depois da Operação “Cadeia Velha” , que prendeu o então presidente da Alerj, Jorge Picciani , e outros dois deputados, novas denúncias de corrupção envolvendo o Parlamento fluminense respaldam agora a Operação “Furna da Onça”, que expõe um esquema de compra de votos com dinheiro de propina e distribuição de cargos iniciado no primeiro governo de Sérgio Cabral, em 2007, e mantido até hoje, de acordo com as investigações. Em decisão histórica, cinco desembargadores da 1ª Seção Especializada do TRF-2 assinam os 22 mandados de prisão – o único a não assinar dos seis integrantes estava em licença médica.
Preso, o deputado André Correa chegou a superintendência da PF e afirmou que mantém candidatura à presidência da Alerj e que é inocente: “Quem não deve, não teme” | Foto: Henrique Coelho/G1
Preso, o deputado André Correa chegou a superintendência da PF afirmando que é inocente: “Quem não deve, não teme” | Foto: Henrique Coelho/G1
A operação foi batizada de Furna da Onça em alusão a uma pequena sala, nos fundos do plenário do Palácio Tiradentes, sede da Alerj, onde os deputados se reúnem para conversas reservadas antes e durante as votações.

Em sessão secreta no dia 25, os desembargadores aprovaram por unanimidade as prisões temporárias dos deputados André Corrêa (DEM), Coronel Jairo (Solidariedade), Luiz Martins (PDT), Chiquinho da Mangueira (PSC), Marcelo Simão (PP), Marcos Abrahão (Avante) e Marcos Vinícius Vasconcelos Ferreira, o Neskau (PTB). 

Também foram aprovadas as prisões preventivas dos deputados Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Mello, que já se encontram presos desde novembro do ano passado, por conta da operação anterior – Picciani vai continuar em prisão domiciliar, favorecido por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O relator dos dois casos, desembargador Abel Gomes, nem sequer precisou ler o voto para ser acompanhado pelos demais colegas.

Vinicíus Farah, vice-presidente do Detran-RJ, também foi preso na operação. Ele disputou as eleições este ano e foi eleito com 57.707 votos pelo MDB para deputado federal.  Além dele, entre os outros mandados de prisão temporária expedidos encontram-se o atual presidente do Detran, Leonardo Silva Jacob, e o secretário estadual do Governo Pezão, Affonso Monnerat, ambos envolvidos na chamada farra de cargos do Detran. Monnerat foi preso no início da manhã.

Propina de R$ 20 mil a R$ 100 mil
De acordo com as investigações, em troca de propina mensal, que variava de R$ 20 mil a R$ 100 mil e cargos, os deputados votavam sistematicamente a favor dos interesses de Cabral e Picciani, incluindo o boicote à CPI dos Ônibus, revogação das prisões decretadas pela “Cadeia Velha” e a aprovação das contas do governo.Por determinação do tribunal, serão  cumpridas ainda buscas e apreensões em mais de 40 endereços, entre os quais gabinetes da Alerj.
Polícia Federal apreendeu relógios e dinheiro na casa de um dos alvos da operação. São cédulas de real, dólar e euros | Foto: Reprodução/Twitter
Polícia Federal apreendeu relógios e dinheiro na casa de um dos alvos da operação. São cédulas de real, dólar e euros | Foto: Cristina Boeckel/Reprodução/Twitter
Os 22 envolvidos são acusados de corrupção ativa e passiva e de formação de organização criminosa – os demais crimes, como lavagem de dinheiro, serão apurados no decorrer das investigações. As principais provas colhidas pela força-tarefa da Procuradoria Regional da República da 2ª Região (PRR-2), em parceria com a Polícia Federal, para fundamentar a “Furna da Onça”, são a delação do ex-operador do esquema Cabral Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, homologada pelo ministro Dias Toffoli, somada às provas colhidas nas delações dos doleiros Vinícius Claret, o Juca Bala, Cláudio Barbosa, o Tony. No sistema financeiro paralelo que a dupla operava, o ST, apareceram depósitos em nome de assessores dos parlamentares citados por Miranda.

Do Portal NS/Fonte: O Globo

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