quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Santaluz: Jovem do distrito de Pereira se destaca e é considerada promessa na charcutaria

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Com chapéu de cangaceiro e óculos herdados do avô, marcas da identidade nordestina | Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE
Pereira é um distrito do município de Santaluz, sertão da Bahia, que não tem mais do que quatro mil habitantes. Por aquelas bandas, é comum ver bodes passeando em cima de pés de umbu. A cena pode parecer insólita para um visitante, mas é tão familiar a Bruna Moreira que ela chegou a tatuar a imagem no antebraço direito. 
No esquerdo, outra tatuagem: um porco dentro de uma vaca. Os desenhos riscados na própria pele provam que a moça de 26 anos faz questão de ostentar os símbolos que escolheu para definir sua identidade. É uma sertaneja apaixonada por carne. A junção dessas duas características culminaram num convite para trabalhar no restaurante Amado, do chef Edinho Engel. 
A oportunidade sonhada por muito chef profissional se concretizou para Bruna antes mesmo de concluir o curso de gastronomia na Universidade Federal da Bahia. Mas o caminho até chegar aí foi um tanto pedregoso. Entre a saída do Pereira até o início da consolidação de uma carreira em Salvador, Bruna Moreira tentou os cursos de zootecnia, no Piauí, e de biologia, em Alagoinhas. A primeira tentativa só durou um mês. “O curso era em Bom Jesus do Piauí, a cidade mais quente do Brasil”, ela lembra. A segunda tentativa foi mais longe, mas não passou do terceiro semestre. Escondida, fez vestibular para gastronomia e passou. Para desespero da mãe, que já não aguentava mais ver a filha se aventurar na vida acadêmica. Pior que isso: achava que a menina não levava o menor jeito para a cozinha. “É que eu sou canhota e no interior tem muito preconceito. Minha mãe falava que minha mão desandava tudo. Nunca tive incentivo para cozinhar”, conta a moça.
Temporada paulista
Pois foi na sala de aula que a menina descobriu que algo lhe falava mais alto ao coração quando o assunto era charcutaria. “Achei que, no fim das contas, tinha a ver com tudo que eu já tinha feito antes”, avalia. Uma linguiça experimental aqui, outra ali, lá foi Bruna participar de um concurso de estudantes na 7ª edição do Nordeste Gourmet Bahia, no final do ano passado. Abocanhou o primeiro lugar com um embutido de frutos do mar. O prêmio era um estágio no Amado, mas a coisa evoluiu. Dali ela partiu para São Paulo, para um novo estágio com o chef André Mifano, conhecido pelo comando do restaurante Vito e pela participação no reality show The Taste Brasil, exibido pelo canal GNT. 
Foram três meses aperfeiçoando a produção de salames e curas, cujo beabá ela já tinha aprendido em cursos com o mineiro Mário Portella, considerado um gênio da charcutaria no Brasil. Teve mais. Do Vito ela pulou para mais uma temporada, dessa vez no Esquina Mocotó. Sob a batuta do badalado Rodrigo Oliveira, ela ficou “dois meses e uma besteira”. Foi tempo suficiente para criar uma linguiça de pirarucu que arrancou elogios do chef . Ainda durante a temporada paulista, Bruna Moreira dividiu os holofotes com os chefs Edinho Engel e Fabrício Lemos durante o  9º Paladar Cozinha do Brasil, evento promovido pelo Estadão. O título da aula apresentada pelo trio foi “Deu Bode”, que tinha o animal símbolo do sertão como tema. Considerando o caminho que a filha do Pereira tem pela frente, a expressão nunca teve uma conotação tão positiva.
Do Portal NS/A Tarde

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