terça-feira, 26 de maio de 2015

Líder de pavilhão e oito comparsas são os mortos de rebelião; presos devem ser transferidos para Serrinha


O líder da principal quadrilha de tráfico de drogas em Feira de Santana, apelidado "Rafael", é apontado no inquérito como o mandante do motim que matou nove detentos no Pavilhão 10 do Presídio Regional da cidade, a 100 km de Salvador. 

Oito foram assassinados na rebelião. Um nono foi socorrido com ferimentos graves e morreu no Hospital Geral Clériston Andrade. A situação foi iniciada no domingo (24) e encerrada na segunda-feira (25), após mais de 18h de negociações. Mais de 70 familiares de presos passaram a noite na unidade como reféns.

O mandante estava preso há sete anos, respondendo por tráfico de drogas e por homicídios, e foi solto há cerca de um mês. A investigação aponta que o objetivo da rebelião foi matar o principal rival dele, apelidado de "Haroldinho", que é o líder do pavilhão. "Haroldinho" morreu, assim como oito de seus comparsas, disse o delegado João Uzzum. "Havia um desentendimento entre eles de natureza pessoal e de disputa do tráfico de drogas. 'Haroldinho' não fazia parte de uma facção, mas era líder do pavilhão 10", relata o delegado.

A Polícia Civil identificou até o momento a participação de 17 presidiários nas mortes, que foram cometidas a tiros de revólveres e a facadas. Uma força-tarefa formada por 26 pessoas, dentre delegados, investigadores e escrivãos, foi instalada no presídio durante os dois dias de rebelião, no domingo (24) e segunda-feira (25). Com isso, foram colhidos depoimentos de familiares e internos, e produzidas provas periciais, o que adiantou o inquérito policial e a identificação dos envolvidos, informou o delegado.

Segundo o delegado João Uzzum, além de atuar em Feira, "Rafael" comanda ponto de vendas de drogas em bairros de Salvador como Bairro da Paz, Alto do Coqueirinho e Itapuã. "Rafael" ainda não foi localizado pela polícia. Os investigados podem ser responsabilizados, além dos crimes pelos quais já respondem, por outros como formação de quadrilha e homicídios múltiplos. A vistoria realizada no local achou três armas de fogo e dezenas de facas.

De acordo com o secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (Seap), Nestor Duarte, alguns presos que se envolveram na rebelião devem ser transferidos para o presídio de Serrinha. "A Polícia Civil está ouvindo as pessoas ainda, fazendo o inquérito, o pessoal de Assistência Social está fazendo trabalho com as mães que viram essa barbárie. Vamos ter reuniões para discutir a situação do presídio. Mas vamos ter que fazer algumas transferências, é até recomendável. Alguns presos também iriam para outra parte dentro do próprio presídio. Mas isso é uma coisa que depende de identificação e também de solicitação ao judiciário. Vamos ver isso a partir de amanhã [terça-feira]", disse o secretário.

Situação do presídio - De acordo com informações disponíveis no site da Seap, o presídio abriga 1.467 detentos, no entanto, só possui capacidade para 644. Com isso, 823 excedem a capacidade. Desse total, a grande maioria, 1.376, é de homens - 1.055 presos provisórios e 341 condenados. Das 91 mulheres, sendo que 49 provisórios e 42 condenados.

A Seap informa ainda que a unidade tem 13 pavilhões - 12 masculinos e um feminino. Dos próprios para homens, seis não estão em funcionamento. Três locais são improvisados para recebimento de presos em regime especial, como idosos e pessoas em regime semi-aberto.


Presos que se envolveram na rebelião devem ser transferidos para o presídio de Serrinha

Do Portal CS

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