A semana começa tensa em Brasília: ao longo dos próximos dias o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve entregar ao Supremo Tribunal Federal a lista com os pedidos de investigação contra políticos com mandato citados no petrolão.
A expectativa é que a lista de Janot seja finalmente conhecida entre terça e quarta-feira. Ao longo do final de semana, procuradores da República que elaboraram as peças contra autoridades citadas na Lava Jato se dedicam a reler todo material, elaborado com base nas delações do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Os oito procuradores que integram o grupo de trabalho coordenado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tentam concluir o trabalho para que o material chegue até quarta ao Supremo Tribunal Federal (STF) – nos casos que envolvem parlamentares – e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) – no caso de governadores.
Apreensivos, alguns políticos já tentam reduzir o impacto da medida com o argumento de que, se houver apenas pedidos de inquérito – quando há necessidade de mais investigação –, o reflexo pode ser a desidratação do escândalo de corrupção na Petrobras e diminuição da força do trabalho que está sendo desenvolvido pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz as investigações da Lava Jato.
Dezenas de nomes de parlamentares apareceram nos depoimentos dos delatores da Operação Lava Jato, entre eles os dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), que negam as acusações. Reportagem de VEJA revelou que Paulo Roberto Costa afirmou à Justiça e ao Ministério Público que políticos da base aliada receberam dinheiro do esquema.
O rol de citados pelo delator inclui três governadores, seis senadores, um ex-ministro de Estado do primeiro mandato de Dilma Rousseff e pelo menos 25 deputados federais embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da estatal. De acordo com depoimento de Costa, o esquema funcionou nos dois mandatos do ex-presidente Lula, mas continuou na gestão da petista. Entre os beneficiários do propinoduto revelado pelo ex-dirigente da estatal estão políticos do PT, PMDB e PP.
A lista também é esperada para definir os rumos da nova CPI da Petrobras na Câmara. A bancada do PSOL pretende solicitar ao Supremo que os citados na lista não integrem a comissão. Existem 42 procedimentos no Supremo relativos aos fatos apurados em duas delações da Lava Jato. O número não coincide necessariamente com a quantidade de políticos citados.
Além da lista de Janot, que deve ser apresentada até quarta-feira, os acordos de delação premiada firmados por dois executivos da Camargo Corrêa - Dalton Avancini e Eduardo Leite - são outro motivo de apreensão no meio político. Eles são os dois primeiros executivos de uma empreiteira de grande porte que aceitaram colaborar com as investigações. O temor é de que essas delações estimulem outros empreiteiros a também contar o que sabem, o que poderá ampliar o leque de atingidos.
(Com Estadão Conteúdo)
Do Portal Interior da Bahia
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