Quase uma semana após ter sua primeira pesquisa eleitoral para presidência contestada pela campanha da presidente Dilma Rousseff, o Instituto Paraná quis se afastar de polêmicas, dizendo que irá cumprir a determinação judicial para mostrar sua metodologia detalhada e afirmando que “é normal” o tipo de contestação como o feito pela presidente e sua coligação.
No fim da semana passada, a campanha de Dilma entrou com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra “supostas irregularidades” em uma pesquisa de intenção de voto do Instituto Paraná, a qual apontou o rival Aécio Neves (PSDB) bem à frente da petista na corrida presidencial.
"Em todas as eleições os candidatos que não ficam satisfeitos com os números das pesquisas fazem esse tipo de questionamento. Isso é normal”, disse o instituto por meio de sua assessoria de imprensa.
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Vale notar que o questionamento formalizado ao TSE pela coligação de Dilma fazia referência à metodologia aplicada na pesquisa, e não às possíveis ligações políticas do instituto.
Um dos pontos diz respeito à escolaridade dos entrevistados pela pesquisa. De acordo com documento apresentado ao TSE, a coligação Força do Povo disse que o “superdimensionamento do percentual de eleitores com nível superior… associado ao melhor desempenho do candidato Aécio Neves neste perfil de eleitorado, proporciona, em seu favor, uma distorção indevida do resultado da pesquisa”.
“Desse erro decorre uma vantagem inadequada em favor de uma das candidaturas, o que justifica o presidente pedido de providências”, acrescentou o documento.
Outro ponto questionado é a ausência de informações dos Estados e municípios onde a pesquisa foi realizada. Foram entrevistas 2080 pessoas de 6 a 8 de outubro, e a divulgação inicial foi feita pela Revista Época, na quarta-feira da semana passada.
O Instituto Paraná é chefiado pelo sócio-diretor Murilo Hidalgo, considerado aliado do governador Beto Richa (PSDB), este, por sua vez, apoiador de Aécio. Hidalgo, inclusive, aparece numa lista divulgada pela imprensa paranaense como cotado para dirigir a empresa de tecnologia da informação do governo do Estado do Paraná, a Celepar.
"A nossa empresa tem 25 anos de mercado, tendo prestado serviço nos últimos anos para diversas empresas, inclusive o governo federal. A nota em questão foi publicada num site de fofocas políticas e não tem a menor veracidade”, afirmou.
O custo informado da pesquisa (registrada como BR-01065/2014 no TSE) foi de R$ 62 mil. O instituto, como consta no registro to TSE, fez a pesquisa por conta própria.
O ministro Tarcísio Vieira, do TSE, decidiu favoravelmente ao pedido de Dilma e sua coligação, e o instituto terá que disponibilizar "acesso ao sistema interno de controle, verificação e fiscalização da coleta de dados da pesquisa de opinião registrada na Justiça Eleitoral”, de acordo com nota no site da Justiça Eleitoral.
Segundo interlocutores paranaenses, o Instituto Paraná é mais conhecido no Estado por fazer pesquisas regionais no Sul do país e avaliações internas. Essa foi a primeira pesquisa presidencial nacional feita pelo instituto, e sua divulgação poucos dias após a votação do primeiro turno surpreendeu jornalistas e a campanha petista, em uma área nas quais as pesquisas competem mais aos nacionalmente conhecidos Ibope, Datafolha e Vox Populi, entre outros.
"Qualquer que fosse o resultado do primeiro turno a nossa empresa iria fazer a pesquisa. A Paraná Pesquisas fez dois registros um considerando um cenário com o candidato Aécio Neves e outro considerando um cenário com a então candidata Marina Silva, ambos registros sendo feitos no dia 03/10/2014, portanto dois dias antes do resultado oficial do pleito”, de acordo com o instituto.
"Essas informações podem ser confirmadas no site do TSE e portanto a pesquisa seria feita independente do resultado do primeiro turno da eleição”, acrescentou.
A assessoria de imprensa do instituto disse que Hidalgo não daria entrevista.
Por Sérgio Spagnuolo | Yahoo Notícias
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