sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Dilma se irrita com jornalistas ao ser questionada sobre jato com R$116 mil: “Tudo o que vocês queriam, não é?”

O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, ligado ao PT, e um colaborador da campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais, Marcier Trombieri Moreira, foram detidos e prestaram depoimento na noite de terça-feira (7), sobre R$ 116 mil em dinheiro vivo que levavam em um jato particular que saiu de Belo Horizonte com destino a Brasília. 
A Polícia Federal abordou o bimotor turboélice de prefixo PR-PEG na pista do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek após receber denúncias anônimas de que o voo continha oito malas de dinheiro. Um terceiro passageiro, identificado como Pedro Augusto de Medeiros, de Ipatinga (MG), teria passagem na PF por envolvimento com tráfico de drogas.
A maior parte dos R$ 116 mil estava com Rodrigues, conhecido como Bené. O empresário ganhou notoriedade em 2010 ao ajudar a pagar o aluguel de uma casa em Brasília onde funcionou um núcleo da pré-campanha de Dilma Rousseff. Nessa casa, o PT teria montado uma equipe para elaborar um dossiê contra o tucano José Serra, adversário da petista. Bené é dono de empresas que já receberam cerca de R$ 272 milhões das gestões petistas no Palácio do Planalto. Funcionário aposentado do Banco do Brasil e ex-assessor do Ministério das Cidades, Marcier portava R$ 4 mil – metade escondido no corpo. Ele trabalhou na área de comunicação da campanha de Pimentel. Ligado ao PT, seria o responsável pela distribuição de material do candidato no estado.
Inquérito
Portar dinheiro vivo não é crime, mas a PF decidiu instaurar inquérito para investigar suposta lavagem de dinheiro após os depoimentos do trio, considerados contraditórios, e pela presença de um homem com passagem por tráfico. O dinheiro foi apreendido. O jato, em nome da Bridge Participações, foi adquirido em 6 de junho de 2013, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A empresa está registrada no mesmo endereço em que o Bené tem uma empresa de eventos, a Due Promoções e Eventos, antiga Dialog. Após a divulgação do caso, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que não se deve vincular o episódio a Pimentel, que depois de eleito passou a colaborar com a campanha de Dilma.

“Prenderam cento e pouco mil reais num evento ligado à campanha do deputado Bruno Covas. Isso não me leva a fazer qualquer vínculo com o deputado Bruno Covas”, disse, referindo-se à detenção de um assessor de campanha do tucano.
Irritação
Ao desembarcar em João Pessoa (PB), ontem à noite, Dilma se irritou com a pergunta sobre o tema.“Tudo o que vocês (jornalistas) queriam, não é? Por que eu afastaria o Pimentel? Você já condenou?”. Indagada se confia no governador eleito de Minas, respondeu: “Eu confio, sim, no Pimentel. Acho que o Pimentel é uma pessoa interessantíssima, (para) que se pergunte se eu quero afastar ele da minha campanha. Por quê? Porque ele foi o governador que derrotou o candidato do Aécio Neves?”.

Ao final da entrevista, no aeroporto da capital paraibana, voltou ao tema. “Eu não vou aceitar de maneira nenhuma que alguém chegue aqui para mim e condene uma pessoa sem provas. Eu não vou aceitar de ninguém. Eu não faço isso com ninguém”. Já o candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, defendeu as investigações dos fatos antes de qualquer acusação contra o governador eleito de Minas Gerais. “Vamos aguardar para ver o que mostram as investigações. Se isso for verdadeiro, é muito grave”, afirmou.
Governador 
A assessoria do governador eleito Fernando Pimentel admitiu, ontem, que dois homens presos ao desembarcar de um jatinho em Brasília, portando R$ 116 mil, prestaram serviços à campanha dele. Em nota, a equipe do petista se esquivou de ligação com o episódio: “A Coligação Minas para Você não pode se responsabilizar pela conduta de fornecedores”.

A assessoria de Pimentel informou que Marcier Trombiere Moreira, ex-assessor do Ministério das Cidades, trabalhava na equipe de comunicação da campanha. A Gráfica Brasil Editora e Marketing, do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, também detido, foi fornecedora da campanha. “As notas fiscais foram emitidas e as despesas serão declaradas na prestação de contas final”, diz a assessoria de Pimentel. Na nota, a equipe do petista alega que a campanha foi encerrada no domingo passado. Extraído do jornal Correio.
Do Portal JC

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