sábado, 11 de outubro de 2014

Concorrência em cursos de licenciatura é cada vez menor na Ufba e na Uneb; a situação preocupa na Bahia

A queda no interesse pela carreira de professor da educação básica se acentua. Sem valorização, a concorrência pelos cursos de Licenciatura na Ufba e Uneb reduz desde 2010. Escolas têm dificuldade de achar professores em algumas disciplinas.

“Quem quer fazer Medicina?”, pergunta o professor de pré-vestibular numa sala de cursinho lotada. Metade dos alunos levanta a mão. “E  Direito?”. Outra multidão responde positivamente. Engenharias, a mesma coisa... Mas, e licenciatura? Silêncio quase mortal no recinto.

“Ave Maria, em nossas turmas, que são grandes, temos dois ou três que querem fazer licenciatura. É muito pouco”, conta a coordenadora pedagógica do pré-vestibular Análise, no Iguatemi, Tânia Maria. “A procura nos cursinhos é mais pelos cursos com grande concorrência, pela dificuldade de aprovação. O pessoal quer mesmo Medicina, Direito, Engenharias”, salienta.

As concorrências entregam o problema: quase ninguém quer ser professor. Falta de valorização,  infraestrutura de trabalho deficiente e até a violência nas escolas são alguns dos motivos da ‘evasão’.  E o futuro não é muito animador.  Basta comparar o número de inscritos  nos cursos de licenciatura do estado para perceber que a procura só cai (ver quadros na  página ao lado).

Formação
Cada vez menos jovens querem ensinar Português, por exemplo. Em 2010, 294 tentaram uma vaga no curso de Letras Vernáculas no campus de Salvador da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) – era como se 9,8 candidatos disputasse cada uma das 30 vagas disponíveis. Mas, cinco anos mais tarde, em 2014, os interessados já eram menos do que a metade: 146, para 27 vagas (o que dá uma concorrência de 5,41 candidatos por vaga).

Para a coordenadora do Colegiado de Letras da Uneb, Maria da Conceição Reis, o futuro que se desenha é de  “escassez de professores, mas principalmente de professores qualificados”. Ainda segundo ela, “o  perfil do aluno que ingressa tem decrescido do ponto de vista da formação”.

Na Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde cerca de 20 licenciaturas são ofertadas todos os semestres, a tendência é a mesma. Em 2010, o curso de Letras Vernáculas teve 122 inscritos no vestibular para disputar 45 vagas (2,71 candidatos por posto).

Em 2013, já eram 55 inscritos para 36 vagas – o total disponível foi reduzido porque 20% das vagas de todos os cursos da instituição são reservados aos Bacharelados Interdisciplinares. Já em 2014, o número de inscritos saltou para 375, graças à entrada da Ufba no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em que concorrem estudantes de todo o país com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

No entanto, o aumento da demanda não quer dizer que a situação tenha melhorado: no final de setembro, a Ufba divulgou a sétima chamada dos aprovados para matrícula no semestre 2014.2, incluindo dois nomes para o curso de Letras Vernáculas, além de aprovados para Língua Estrangeira Moderna, Língua Estrangeira Moderna ou Clássica e Letras com Inglês ou Espanhol.

Outros cursos, como Engenharia Civil e Direito (diurno), não entraram no edital porque todas as vagas já haviam sido preenchidas. O número de inscritos já mostra a disparidade: Engenharia Civil teve 5.308 candidatos, enquanto Direito teve 5.910.

Fenômeno
Mas a diminuição do interesse pela carreira de professor da educação básica é um fenômeno nacional. Pela prévia do Censo do Ensino Superior de 2013, divulgada no mês passado pelo Ministério da Educação (MEC), o número de matriculados nos cursos de licenciatura em todo o país tem caído nos últimos quatro anos.

Em 2010, eram 90 mil inscritos nos cursos de Letras Vernáculas. Três anos mais tarde, em 2013, eram 78 mil  estudantes nos cursos.

“A escassez de professores é uma tendência que reflete na Bahia. Por outro lado, há estudos que indicam que, mesmo com a redução dos candidatos, temos muitos estudantes nas licenciaturas, porque as vagas são preenchidas”, aponta o professor Penilton Silva Filho, pró-reitor de graduação da Ufba.   Para ele, se todos os aprovados se formassem não haveria falta de professor. “Mas a evasão é grande”, diz. (Informações do Correio).

Do Portal Interior da Bahia

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