quinta-feira, 17 de julho de 2014

Homem se forma em Medicina com ajuda de livros achados no lixo e doações

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Foto: Razões para acreditar/Reprodução
Cícero Batista, 33 anos, nasceu em Brasília, numa família com outros nove irmãos. O pai morreu quando ele tinha apenas 3 anos e a mãe virou alcoólatra como forma de fugir das dificuldades impostas pela vida. Um dos irmãos mais velhos passou a usar e traficar drogas. Diante desse cenário, Batista precisou lutar pela subsistência e, muitas vezes, precisou achar no lixo a alimentação dele e dos irmãos.
“Eu tinha que chafurdar no lixo para encontrar comida. E muitas vezes encontrava pedaço de carne podre, iogurte vencido, resto de comida que ninguém queria. Era aquilo que me alimentava. E no meio do lixo surgiu a minha oportunidade de uma vida melhor., contou Batista, em entrevista ao portal R7.
No entanto, no lixo ele encontrou também livros e discos. A partir deles, Batista começou a construir a possibilidade de uma vida melhor. O brasiliense ia à casa de um vizinho para escutar os discos com obras de Beethoven e Bach. Matriculado pela irmã numa escola pública de Brasília e com a ajuda dos professores e colegas ele chegou ao ensino médio e resolveu fazer um curso técnico de enfermagem.
Ao fim do curso, um pequeno triunfo: Batista foi aprovado no concurso para enfermeiro no Hospital Regional de Taquaritinga. Acostumado a cuidar dos irmãos desde pequeno- eles tinham doenças causadas pela necessidade em comer alimentos vencidos – Batista passou no vestibular para Medicina em uma faculdade particular em Araguari. Para frequentar um curso em período integral, ele era obrigado a dar plantão de 40h aos fins de semana.
Mesmo perdendo as aulas de segunda-feira, ele contava com o apoio dos professores. O salário era gasto somente para pagar a mensalidade. Para comer, contava com doações de amigos e conhecidos. A rotina era extenuante e Batista resolveu prestar o Enem e tentar uma bolsa em uma universidade particular.
Batista passou a estudar Medicina no Gama, outra cidade no entorno de Brasília, e além da rotina de estudos, enfrentava o preconceito racial. No dia 6 de junho de 2014, Batista formou-se médico. Ele ainda mora com a mãe na mesma casa, mas sonha com dias melhores: “Quero justificar a confiança depositada em mim, dar uma vida melhor para minha mãe e me especializar em psiquiatria ou pediatria”.
Do Portal Notícias de Santaluz

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