terça-feira, 10 de julho de 2012

Em Minas, candidatos a vereador usam imagem de Raul Seixas para se eleger


Enquanto você se esforça para ser um sujeito normal, dois candidatos a vereador de Belo Horizonte (MG) querem conquistar os votos dos fãs do Maluco Beleza: Cláudio Raulseixista (PSDB) e Cantor Raul Maluco (DEM).

Eles se somam a mais 1.150 candidatos que registraram candidatura no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) para disputar as 41 vagas na Câmara Municipal. O que não falta na campanha da capital são figuras carimbadas. Além dos dois discípulos de Raul, o pleito terá o delegado e o advogado que protagonizaram duelos memoráveis no caso do goleiro Bruno, acusado de matar Eliza Samudio: o delegado Edson Moreira (PTN) e o advogado Ércio Quaresma (PV).

Também estão no páreo o ex-prefeito e cinco vezes deputado federal Maurício Campos (PR), que retorna à política depois de longo tempo afastado e Jocélia Brandão (PSDC), que se notabilizou na luta por punições mais rigorosas para crimes hediondos como o que vitimou a filha dela, Miriam Brandão, no início da década de 1990. Tia Dulce (PMDB) do Clubinho, ex-apresentadora de programa infantil da TV Alterosa é outra que aposta na fama para garantir votos. Há ainda diversos filhos de políticos bons de voto, como o do ex-prefeito de BH já falecido Célio de Castro, Rodrigo Célio de Castro (PHS).

Cláudio Raulseixista, de 55 anos, só começou a aprender violão depois dos 50, mas diz que sabe o suficiente para arranhar os acordes de algumas músicas de seu ídolo, morto aos 44 anos em 1989. Na última eleição para a Câmara Municipal, conseguiu 1.050 votos, mas diz não fazer “a mínima ideia” de quantos precisa para ser eleito. Nascido Cláudio Pinto Fontora, ele é dono de um depósito de material de construção, no Bairro Serrano, na Região da Pampulha, e diz que o objetivo, se eleito, é “fazer algo pelos menos favorecidos”.

Raulseixista não sabia que tinha um rival, o Cantor Raul Maluco, mas resolveu mandar um recado. “Se ele não segurar a onda e desistir é só falar que tem vaga no meu metrô, da linha 743”, avisa, citando a canção de Raulzito. O Cantor Raul Maluco, entretanto, parece não estar disposto a abrir mão da candidatura. Da última vez que foi candidato conseguiu 1,6 mil votos e animou os colegas do DEM.

“É uma pessoa carismática filiado ao partido há 12 anos”, declara o vereador Preto (DEM), que destaca o que faz dele um personagem da cidade: “É folclórico, anda com buzina, corneta e rodeado de cachorros”. Um dos principais articuladores das candidaturas do DEM em BH, o vereador admite que o descrédito na classe política é que propicia a boa votação dos candidatos folclóricos. “A população está muito revoltada com os políticos e essas pessoas acabam recebendo o voto de protesto”, avalia Preto.
 

Raul Maluco é candidato pelo DEM
 
Cantor Raul Maluco é o nome de urna de Jorge Mateus de Faria, de 57 anos. A reportagem não conseguiu encontrá-lo em casa, no Aglomerado da Serra. O candidato não tem telefone celular. “É muito difícil achar ele. Está sempre perambulando de bicicleta pela cidade”, informou Preto. Em entrevista a Revista Ragga, por ocasião dos 20 anos da morte de Raul Seixas, em 2009, ele contou que incorporou o personagem em 1990, um ano depois do falecimento.

“Começaram a falar que eu parecia com o Raul. Me deram a bicicleta e o violão. Mesmo sem saber direito, comecei a andar pela cidade tocando as músicas dele”, afirmou. Ele pode ser visto acompanhando o desfile de 7 de setembro, cantando na Feira Hippie ou pelos bares. Mais do que ideologia partidária segue o lema do ídolo: “Deus fez o homem com barro e Raul com barro e amor”.

Outro sósia que vai pedir o voto do eleitor da capital é Barack Obama, ou melhor o Obama BH que, curiosamente, escolheu o Partido Republicano Brasileiro (PRB), enquanto o presidente dos Estados Unidos é filiado ao Partido Democrata, rival secular do Republicano. Obama é Gerson Januário de Almeida e declarou ter apenas um Ford Ka 1999, avaliado em R$ 10 mil. Assim como Cantor Raul Maluco, o candidato Mister Bus (PC do B), é figura frequente nas ruas da cidade, sempre com um ônibus de papelão usado como chapéu, e dando suas opiniões sobre o transporte coletivo.

Do Portal Interior da Bahia, com informações do jornal O Estado de Minas

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