quarta-feira, 16 de março de 2016

Grampos indicam que Dilma agiu para tentar evitar prisão de Lula; população reage, volta às ruas e cerca o Planalto

Grampos da Polícia Federal, feitos com autorização do juiz federal Sergio Moro, indicam que a presidente Dilma Rousseff agiu para evitar a prisão do ex-presidente Lula pela Lava Jato, nomeando-o Ministro da Casa Civil.

O juiz Moro incluiu hoje no inquérito que investiga o ex-presidente um áudio em que Dilma telefona para Lula e explica que encaminhará a ele um "termo de posse", a ser usado "em caso de necessidade". O cargo de ministro concede ao seu ocupante foro privilegiado, no Supremo Tribunal Federal (STF). O diálogo foi gravado hoje às 13h32.

Pouco mais tarde, por volta das 16h, Dilma Rousseff concedeu entrevista coletiva em que negou enfaticamente que a nomeação de Lula tivesse por objetivo garantir-lhe o foro no STF e tirar seu caso da alçada de Moro. Dilma afirmou que a transferência do processo de Lula para o Supremo não lhe traria qualquer proteção especial e qualquer ideia em contrario seria mera intriga das "oposições", incomodadas com a ideia de que o retorno do ex-presidente ao Palácio do Planalto fortaleceria o seu governo.

"Então, por trás dessa afirmação de que seria se esconder, estaria uma desconfiança da Suprema Corte do país? É isso que as oposições querem colocar? A única diferença que existe em ser investigado na primeira instância ou na última é quem é a corte que manda investigar. Prerrogativa de foro não é impedir a investigação, é fazê-la em determinada instância e não em outra", afirmou Dilma.

Dilma - mais uma vez deixando de lado o figurino de presidente para assumir o de juíza - prosseguiu dizendo que toda a investigação em torno de Lula era "muito estranha", uma vez que ele já havia negado ser proprietário do tríplex no Guarujá e do sítio em Atibaia, e que essas suas explicações deveriam ser consideradas "suficientes".

A divulgação do áudio desmente o seu discurso. Confira a seguir a transcrição da conversa:
(intervalo - música de ramal)
DILMA: Alô.
LILS: Alô.
DILMA: LULA, deixa eu te falar uma coisa.
LILS: Fala querida. "Ahn"
DILMA: Seguinte, eu tô mandando o "BESSIAS" junto com o PAPEL pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o TERMO DE POSSE, tá?!
LILS: "Uhum". Tá bom, tá bom.
DILMA: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.
LILS: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando.
DILMA: Tá?!
LILS: Tá bom.
DILMA: Tchau
LILS: Tchau, querida.
Lula teve telefone monitorado pela Lava-Jato
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve seu telefone monitorado pela Lava-Jato. As interceptações começaram em 19 de fevereiro. Ou melhor, o seu não, o de seu assessor que, segundo investigadores, era usado frequentemente pelo ex-presidente.

Nas interceptações os investigadores chegam à conclusão que Lula sabia ou desconfiava que estava sendo monitorado, tendo até mesmo suspeitas da busca e apreensão que aconteceria em seus endereços.

Entre os interceptados está o advogado de Lula Roberto Teixeira, que já não é mais só defensor e passa a ser também investigado pela operação devido ao sítio de Atibaia.

Nos grampos há ainda conversas com diversas autoridades que detêm foro privilegiado e conversas que indicam tentativas de influenciar o Ministério Público e a Justiça, como o STF e a ministra Rosa Weber.

Os investigadores dizem, no entanto, que tais investidas não tiveram êxito. O monitoramento ainda revela que o novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, era tratado como “nosso amigo” no grampo.

Do Portal Interior da Bahia/Fonte: Veja 

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