Nesta quinta-feira (08), às 14h, acontece no CEPAIA-UNEB, no Largo do Carmo, Pelourinho, em Salvador, uma importante palestra do cineasta Antônio Olavo, diretor do filme-documentário “Revolta dos Búzios” (em produção), sobre este pertinente tema.
Leia abaixo um breve texto sobre o assunto, de autoria do próprio Antônio Olavo:
Em 8 de novembro de 1799, quatro homens negros foram enforcados e esquartejados na Praça da Piedade, em Salvador. Eram membros ativos da Revolta dos Búzios, também chamada de Revolução dos Alfaiates, Conjuração Baiana e Sedição de 1798, um movimento que ocorreu na Cidade do Salvador, Província da Bahia, no ano de 1798.
Este episódio tem importância impar para a história política do país, visto que já nesta época os conspiradores baianos, influenciados pelas ideais iluministas da Revolução Francesa (1789), planejaram um Levante que pretendia derrubar o Governo Colonial, proclamar a independência (1822), implantar uma República democrática (1889), e avançavam na defesa do fim da escravidão (1888). Queriam, em suma, já em 1798 implantar uma nova sociedade onde haveria “igualdade entre os homens pretos, pardos e brancos”.
Esta “tentativa de independência do Brasil” foi denunciada antes da deflagração e o governo instalou uma Devassa que durante 15 meses, convulsionou a cena política da Bahia, atingindo centenas de pessoas com ameaças, interrogatórios, detenções, condenações de açoites públicos, prisões, degredo perpétuo, e até a pena de morte, sentença máxima que se abateu sobre os quatro mártires: os soldados Luiz Gonzaga (36 anos) e Lucas Dantas (23 anos), e os alfaiates João de Deus (27 anos) e Manoel Faustino (22 anos).
Junto a estes quatro homens, temos o dever de consciência de acrescentar o nome de Antonio José, também ativo na conspiração, que foi preso no dia 28 de agosto de 1798 e no dia seguinte encontrado morto em sua cela, com um punhado de comida na boca e o corpo apresentando evidentes sinais de envenenamento. Antonio José, portanto, é o quinto mártir da Revolta dos Búzios, uma história que precisa e merece ser conhecida mais amplamente, saindo das sombras da historiografia tradicional.
Mais do que justo, levantarmos agora a importância do 8 de novembro ser um dia nacional para lembrar a memória desses homens que ousaram sonhar pela liberdade e democracia no final do século XVIII. (Antonio Olavo / PORTFOLIUM).
Do Portal Interior da Bahia
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