A oito dias da convenção nacional do PDT, que oficializará, em 20 de julho, a candidatura do cearense Ciro Gomes à Presidência da República, o partido tem intensificado diálogo não apenas com lideranças do PSB, apontado em vários momentos como aliado prioritário pelo próprio presidenciável, mas também com legendas do Centrão, como DEM, PP e Solidariedade (SD).
Com imbróglios internos nestas siglas que dificultam a concretização de uma coligação, Ciro ressaltou ontem (quinta-feira, 12), em entrevista, que “as tratativas estão acontecendo à luz do dia”, mas ponderou que, no momento, é preciso ter “calma” para esperar o tempo de cada partido.
As declarações foram dadas em entrevista coletiva na noite de ontem, em evento de mobilização nacional do PDT chamado Movimento 12 Brasil. O ato político-cultural, realizado no Pirata Bar, na Praia
de Iracema, teve apresentações de artistas regionais e discursos políticos e reuniu, além do presidenciável, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, o presidente da sigla no Ceará, deputado federal André Figueiredo, e o ex-governador Cid Gomes, além do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio.
Também estiveram presentes no evento a vice-governadora do Estado, Izolda Cela, os presidentes da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal de Fortaleza, Zezinho Albuquerque e Salmito Filho, respectivamente, além de outros deputados federais e estaduais, prefeitos de municípios da Região Metropolitana de Fortaleza e do Interior do Estado, vereadores e pré-candidatos do partido nas eleições deste ano. De acordo com André Figueiredo, as mobilizações do Movimento 12 Brasil ocorrerão, também, em Porto Alegre, em12 de agosto, e no Rio de Janeiro, em 12 de setembro.
Ao tratar de alianças, Ciro Gomes disse aos jornalistas que o “PSB tem sido corretíssimo conosco”, mas ponderou que, no cenário em que o PSB de São Paulo quer aliança com o PSDB e, em Pernambuco, a legenda pessebista defende coligação com o PT, é preciso ter “calma” e dar “tempo” à sigla. “Essas coisas a gente tem que ter muita paciência, porque essa é uma eleição complexa, é uma eleição geral, não é uma eleição só para presidente da República, são 27 candidaturas a governador do Estado em 27 estados diferentes”.
O pedetista disse, porém, estar “muito animado” com as tratativas não só com o PSB, mas também com partidos do Centrão. No caso destes, ele citou que siglas que compõem o governo federal têm sido “ameaçadas publicamente” pelo presidente Michel Temer (MDB), que já sinalizou retirar cargos de legendas da base aliada caso fechem aliança com Ciro, numa postura que chamou de “crime eleitoral praticado à luz do dia”. Segundo ele, contudo, tais siglas poderiam fazer história ao fechar coligação com o PDT. “Seria a primeira eleição desde a redemocratização em que nós conseguiríamos construir o núcleo de poder, para sustentar um projeto nacional de desenvolvimento, independentemente da confrontação odienta entre PSDB e PT, que só deu protagonismo ao PMDB corrupto. Isso é o que está em discussão”.
Convicção
Carlos Lupi, por sua vez, disse que tem conversado diariamente com líderes do PSB e, também, com o DEM, o PP, o SD e o PR, embora o diálogo com este seja, segundo ele, “uma situação mais difícil, porque eles avançaram muito em outra direção”. Assim como Ciro, o dirigente nacional do PDT pregou cautela sobre as negociações, mas disse ter “muita convicção que essa aliança com o PSB vai se consumar”. O candidato a vice da chapa só será fechado após a oficialização de uma coligação.
“Eu costumo dizer o seguinte: a legenda PDT mais PSB é uma fotografia que sequer precisa ser explicada. Só as duas legendas juntas, que têm uma história de mais de meio século, se explica”, defendeu. Ele sustentou, ainda, que a aproximação do PDT com o Centrão não distancia Ciro da centro-esquerda. “Se fosse assim, a candidatura do Lula, com a presença do PR, de José Alencar, seria uma candidatura de direita. Não existe isso, o que representa uma candidatura são as ideias, os projetos”.
Do Portal Interior da Bahia/Fonte: Diario do Nordeste